A E D A
Levantei-me um dia cedo sentei na cama chorando
E D A
Meu velho tempo de peão nervoso eu fiquei lembrando
D A D
Senti uma dor no peito igual brasa me queimando
A E A
Ouvi uma voz lá fora parece que me chamando
D A
Eu tive um pressentimento, que a morte na voz do vento
E A
Ali estava me rondando
A E D A
Eu saí lá pro terreiro lembrei nas glórias passadas
E D A
Me vi montado num potro correndo nas invernadas
D A D
Também vi um lenço acenando de alguém que foi minha amada
A E A
Que a tempo se despediu para derradeira morada
D A
Tive um desgosto medonho, ao ver que tudo era um sonho
E A
E hoje não sou mais nada
A E D A
Pobre de quem nesta vida na velhice não pensou
E D A
Ao me ver velho e doente um filho me amparou
D A D
Recebo tanta indireta da nora que não gostou
A E A
E meu netinho inocente chorando já me falou
D A
A mamãe já deu estrilo, diz que aqui não é asilo
E A
Mas eu gosto do senhor ai
A E D A
Neste meu rosto cansado queimado pelo mormaço
E D A
Duas lágrimas correram espelho do meu fracasso
D A D
É o premio de quem na vida não quis acertar o passo
A E A
Abri os olhos muito tarde quando eu já era um bagaço
D A
Vejam só a situação ai, de quem foi o rei dos peão
E A
Hoje não pode com o laço
A E D A
A Deus eu fiz uma prece pedindo pros companheiros
E D A
Que perdoem todas as faltas deste peão velho estradeiro
D A D
Quando eu deixar este mundo meu pedido derradeiro
A E A
Desejo ser enterrado na sombra de um anjiqueiro
D A
Para ouvir de quando em quando, as boiada ali passando
E A
E os gritos dos boiadeiros
Composição de Sulino / Teddy Vieira